#clandestina22

26 anos.

Eu engravidei em um relacionamento informal com um amigo. Nós não tínhamos nada sério, não tínhamos intenção de levar nossa relação para nada mais sério, éramos apenas amigos e queríamos continuar assim. Eu era solteira e não pretendia deixar de ser. Aí, depois do retorno de uma de nossas viagens de compromissos, vem a bomba: estou grávida!

Eu não queria ser mãe, mas tinha o medo, a vergonha de dizer que um método falhou, a criminalização não apenas do aborto, mas também do sexo sem compromisso praticado por mulheres, a sensação de ter cometido um erro e de ter que pagar a vida inteira por um erro com as pílulas. Enfim, queria abortar… Mas, infelizmente, não tinha com
quem contar, não tinha ninguém com que desabafar…

Comecei a pesquisar na internet para comprar Cytotec, ninguém te dava garantia nenhuma. Depois de quase uma semana de procura, escolhi aquela que foi mais confiável. Ela me levou R$300 em um golpe que eu não poderia denunciar para ninguém e, finalmente, atingi a 8ª semana de gestação.

Comecei a entrar em desespero, não encontrava onde comprar e ter a garantia de pelo menos receber o produto. No meio do desespero, conheci um cara que entrou na minha vida para chacoalhar tudo. Eu estava completamente desamparada, e ele virou meu companheiro. Não contei a situação inteira para ele na época, mas apenas disse que eu precisava do remédio.

Ele não sabia onde encontrar, mas ficou ao meu lado para ouvir meu desabafo. Depois de muita procura, achei uma garota que vendia o remédio por um meio de pagamento seguro, com o cartão de crédito. Comprei, mais alguns dias de desespero até chegar. Enfim, chegou…

Fiz o procedimento, estava sozinha e senti muita dor devido à gravidez já estar na 9ª para 10ª semana. Mas aguentei tudo firme e certa do que eu estava fazendo. Na manhã seguinte, o conforto: aquele meu amigo me ligou para saber como eu estava. Ele se preocupou em me levar remédios para dor, em ficar ao meu lado para conversar. O pesadelo tinha chegado ao fim.

Hoje, não me arrependo do que aconteceu e nem da minha decisão. Sem tentar dar um final romântico para história, mas existem pessoas, mulheres ou homens, que se preocupam de verdade com a gente, sem maiores interesses, apenas o de ser um ombro. Depois do acontecido, contei tudo a minha irmã e ela apoiou a minha decisão. E meu amigo? Agora é meu noivo.