#clandestina36

25 anos

Tenho 25 anos, sou uma mulher negra, sou casada há quase quatro anos apenas, tenho um filho de 9 meses. A gravidez foi bem complicada, e estávamos num momento muito difícil financeiramente falando, os dois desempregados e todo o enxoval do meu filho foi ganhado, não tivemos como comprar um par de meia se quer para ele. O parto chegou e sofri muito, mas ele nasceu bem.

Sete meses depois, comecei a me sentir muito mal e fraca, mal conseguia fazer as coisas do dia a dia, cheguei a ficar dias apenas deitada, até que começaram os enjoos, e então desconfiamos. Fiz um teste e não deu nem positivo nem negativo, desconfiei muito do resultado então peguei para mim o negativo. Meu marido já estava com data da vasectomia confirmada e estávamos muito felizes por isso, não queríamos ter mais filhos!

Mas os enjoos não cessaram então fizemos mais um teste de farmácia e positivo! Chorei demais, eu não queria mais filhos, não estava bem psicologicamente para cuidar de dois bebês, a gravidez, o parto, e até o puerpério acabaram comigo, foi uma experiência que eu não queria e não quero reviver nunca mais na minha vida, mesmo amando meu pequeno.

Enfim, decidimos então, que não teríamos mais nenhum, e assim fomos atrás de uma solução. Achei na internet um rapaz que vendia o tal do Cytotec, mas os preços eram absurdos, principalmente, para o péssimo momento que estávamos, e tentamos achar quem nos ajudasse, mas ninguém nos prestou auxílio. Até que meu marido foi conversar com uma conhecida dele, que na hora nos indicou quem pudesse nos auxiliar.

E três dias depois estava eu começando a tomar os indicados, e após 36hs iniciando o processo doloroso, porque eu já estava na 14a semana!!!
Fiz tudo como foi dito! O feto saiu inteiro, eu dizia que seria forte, que a visão não me abateria, mas foi horrível ver, disso me arrependo e muito, mas a curiosidade foi demais.

Depois de ter achado que estava finalizado, tomei um banho, estava bem cansada, tremendo muito, com dor de cabeça e cólica, mas estava certa de que eu não tinha outra condição. Meu marido e minha mãe ficaram ao meu lado o tempo todo. Me apoiaram a ser mais uma mulher clandestina!

Se pudéssemos fazer de uma forma melhor, que não nos escondesse, seria melhor. Esse apoio é fundamental e não acho que só por sermos mulheres não podemos decidir algo que modifique nossa vida, como se fosse um castigo ter algo que não queremos. Somos donas da nossa vida, temos que ser libertadas dessas decisões impostas!