#clandestina75

Branca, 25 anos, São Paulo.

Quando descobri que estava grávida, entrei em desespero. Chorava dia e noite, mal tinha vontade de comer e dormia em qualquer lugar. Descobri a gravidez com o meu namorado que, na hora, me disse que faria o que eu optasse, que eu decidisse sobre meu corpo.
Comecei com chás (todos os possíveis que encontrei) e nada. Comecei a contar para alguns amigos e todos me ofereceram ombro, dinheiro, ajuda.

Todas e todos me indicaram contatos de médicos e pessoas que vendem o remédio. Eu não me sentia segura, pois tinha acabado de acompanhar dois casos gravíssimos de conhecidas que tomaram o remédio. Ao mesmo tempo, eu estava desempregada e não tinha grana pra bancar um procedimento médico.

Por fim, pedi ajuda a um outro amigo, que me levou a outras pessoas e consegui ambos os remédios, de forma segura.

Peguei dinheiro emprestado de um amigo e fui buscar. Tomei o primeiro no mesmo dia e segui os procedimentos conforme explicado. Estava de 7 semanas.

Senti calafrios, enjoo e muito sono. (Também tomei o analgésico liberado). Na primeira dose, expeli. Não sangrei demais, não tive muitas dores além das relatadas. Tive apoio de amigos e namorado 100% do tempo.

Fiquei abalada psicologicamente (sempre quis ser mãe, mas por ser universitária e estar desempregada, não poderia dar o melhor a criança) mas não me arrependo. Não era o momento.

Sou a favor da legalização sim. Acredito que toda mulher possa decidir qual o momento certo e se esse momento realmente existe. Acredito que todo ser mereça ser amado e uma gravidez levada q força é a pior forma de iniciar uma vida.