#clandestina76

Branca, 27 anos, Porto Alegre.

Sou casada, tenho um filho de 05 anos, tinha iniciado um novo emprego fazia pouco tempo.

Depois que engravidei á primeira vez, sempre me cuidei, tomava os remédios, eu e meu esposo mal estávamos tendo relações, e minha menstruação não desceu, meu marido insistiu pra comprar um teste,compramos quando chegamos do serviço, mas eu tava confiante que não tinha motivos pra ter alguma coisa. Ele já estava ansioso, perguntava se eu já tinha ido ao banheiro, quando finalmente fui meu mundo caiu, eu desabei.

Não entendia como e nem porque, mas nossas condições não são boas, moramos em uma casa de duas peças nos fundos dos meus pais, não temos nem como fazer um quarto pro meu filho, sonhamos em comprar nossa casa, o serviço novo tinha vindo em boa hora.
Passei duas semanas num inferno, realmente não enxergava mais a luz do dia, entrei em vários sites, procurei clinicas clandestinas, todas absurdamente caras e a maioria em São Paulo ou Manaus se não me engano, continuei procurando, achei os remédios, mandei mensagem pra um monte, uma mulher de São Paulo me respondeu, disse que era confiável, mas todas dizem né?

No desespero que eu tava, resolvi confiar, fiz um depósito bancário no valor de R$ 900,00, foi praticamente meu salário todo, ela demorou pra postar o código, e o medo de ser golpe? Pedi 8 comprimidos, não fazia ideia de quanto tempo eu tava, não quis ir ao médico, não quis fazer eco, imagino se fizesse e ouvisse o coraçãozinho batendo, não sei o que faria, tive medo.

Finalmente os comprimidos chegaram, fiquei o dia todo em jejum, coloquei 6 embaixo da língua e dois lá embaixo, meu marido me ajudou, senti muito, muito frio, calafrios horríveis, acho que dormi umas duas horas só, acordei e nada… começou me bater um pavor tão grande, medo de não ter dado certo, de nascer um bebê com sequelas por minha culpa, umas quatro horas da manhã começou a descer, senti um alivio maior.

Fiquei em casa naquele dia, e minha chefe falou que se eu não fosse trabalhar me colocaria no olho da rua, minha sogra ficou cuidando de mim um pouco, mal conseguia me levantar que sangrava muito.

No dia seguinte, mais recuperada, pedi as contas do emprego, não consegui aguentar a pressão, sangrei por uma semana, quando criei coragem de ir no médico e falar que “achava” que tinha abortado, a doutora só faltou me jurar que não, que era normal, mas me deu uma Eco pra fazer, fiz morrendo de medo de ainda assim ter algo, e enquanto eu ia á caminho, repetia comigo mesmo, não tem nada! não tem nada!

Tinha alguns restos fetais, então á noite eu fui em um hospital público em Porto Alegre, falei o mesmo, que tive um aborto espontâneo, não sabia que estava grávida, fui bem tratada, coletaram um exame de sangue, pois só pela Eco me explicaram que poderia ser um coágulo, e que talvez eu não estivesse grávida, mas mesmo que eu tivesse, não precisaria fazer uma curetagem, pois meu organismo iria se encarregar de expelir o resto.

Juntaram-se umas 8 enfermeiras numa sala para me dar a notícia que realmente tinha sido um aborto, e eu não conseguia nem chorar, só estava com medo de alguém me perguntar alguma coisa, mas ninguém perguntou nada, só falaram que se eu quisesse tentar de novo, era pra esperar uns 3 meses.

Hoje eu continuo tomando pílula e uso camisinha, mas psicologicamente ainda não estou bem recuperada, fazem alguns meses né.

Sim! Nenhum método contraceptivo é 100%, engravidei tomando anticoncepcional, é um absurdo quem diz que só engravida quem quer.