#clandestina28

23 anos

Eu tinha 23 anos quando fiz um aborto. Eu namorava um cara havia três anos e a gente queria terminar a faculdade e depois se casar. Naquele ano compramos nosso apê e veio tudo junto, ao mesmo tempo….. queríamos nos formar, fazíamos os TCCs e também queríamos começar a colocar umas coisinhas pra dentro do apê. Foi neste momento de muitas euforias que descobri que estava grávida.

Aí tudo desmoronou porque ele não me apoiou em nada. Parecia outra pessoa. Colocava a culpa em mim e dizia que eu me virasse sozinha. Ele dava grana, mas a história era só minha. Cheguei a pensar em trancar a faculdade e apressarmos o casório e tal, ficar só com um carro e usar a grana do outro pra mobiliar o apartamento. Mas foi o começo do nosso fim, ele dizia que nem sabia se queria mais se casar, que era muito novo e tal. E eu? Ninguém perguntava o que eu queria. Meus pais queriam que eu me formasse.

Decidi sozinha. Sozinha. Sozinha. Falei com uma amiga que me ajudou a colocar as ideias no lugar. Fazíamos a faculdade juntas e eu comecei a organizar ou reorganizar minha vida e o que eu queria pra mim. O que era prioridade? Terminar meu TCC e me formar! Ter uma profissão e aí sim decidir se queria me casar ou ter filhos.

Primeiro pedi um tempo no namoro, depois de ver que ele andava com uma guria da aula dele, resolvi terminar tudo e parar de sofrer por causa dele. Levei dois meses até decidir o que faria com a gravidez. Ai decidi abortar.

Minha amiga tinha uma amiga, que conhecia uma amiga e foi assim que cheguei até um lugar bem legal que fiz tudo numa manhã. Não senti nada depois, nem dor, nem cólicas, nem remorso. Na clínica me deram remédios para ter uma boa recuperação e um telefone caso eu precisasse. Deu tudo certo e decidi tocar a vidinha em frente. Tive a certeza que as rédeas da minha vida era eu que tinha que ter.

Eu terminei tudo com meu namorado e deixei o apartamento com ele, e tudo que me fazia lembrar aquela história.

A minha história é bem diferente agora, porque trabalho no que eu amo e tenho minha profissão e minha independência. Vivo com um cara bem diferente e já conversamos sobre isto e decidimos apoiar um ao outro, e decidirmos juntos quando vamos ter um filho. Ainda não é a hora, e talvez nunca seja. Mas tenho a certeza que fiz a coisa certa.