#clandestina59

Eu trabalhava como supervisora em boates no Rio de Janeiro. Automaticamente eu conhecia muita gente, todos os tipos. Eu sou bissexual. Me interesso muito em todas as formas de amor. Numa noite dessas me relacionei com um rapaz, desses garanhões de balada, fomos para um motel ali perto mesmo…E ele me disse que não tinha camisinha, na mesma hora respondi “Eu tenho!” no meio a transa ele por pura maldade tirou a camisinha e gozou. Fui pra casa, acreditei mesmo que não ia acontecer comigo.

O tempo passou, eu amava o meu trabalho, me sentia melhor na boate do que ate mesmo em minha própria casa. Ate que as luzes da boate começaram a me dar tontura e eu queria ficar o mais longe daquela bagunça possível. Não era normal. No final do evento, quando fui fechar o caixa, o DJ começou a tocar uma música para comemorar o meu aniversário, a equipe me fez uma surpresa. Na mesma hora, eu desmaiei. Um colega me levou com meu carro até o hospital, quando acordei, o medico me disse: tá tudo bem, isso é normal devido a gestação. Oooi?

Gestação? Como assim eu tava grávida não dava para acreditar. Consegui uma clínica de aborto o mais rápido possível. Tudo nessa clínica era pior do que eu imaginava ser. 5 mil, sem juros. Levantei e fui embora junto a meu dinheiro, o medo de morrer foi maior do que eu. Tinha uma conhecida que conhecia uma erveira muito boa e ela me indicou um chá abortivo. Tomei em casa mesmo, sangrei por 6 horas seguidas, no outro dia fui fazer uma ultra, e la ainda estava o coração batendo. Não teve jeito, corri p o cytotec, 2 embaixo 2 em cima. Sagrei demais com ele e sentia dores que pensei que fosse chegar a óbito. Fui à ultra, e a médica não achou mais batimentos, me internou para a curetagem. E hoje sigo a vida normal. Sem remorso algum.

Sou a favor da legalização, para diminuir o risco de morte das mulheres. Hoje tenho 2 filhos, um de 5 e um de 2.