Arquivo da categoria: depoimento

#clandestina60

Sou mãe de duas meninas, uma delas tinha apenas 1 ano e 3 meses quando engravidei. A ideia de ter outro filho dependendo tanto de mim, mamando, acordando à noite, me chamando, me apavorou muito, eu tinha vontade de morrer. A gravidez e o puerpério são momentos em que a vida da mulher fica suspensa, como numa bolha sobrevoando a realidade, é preciso querer muito e talvez ter esquecido dessa sensação. A sensação de suspensão ainda é muito viva em mim, mesmo com um bebê de 1 ano e 6 meses e eu não queria passar por nada daquilo de novo. Continue lendo #clandestina60

#clandestina59

Eu trabalhava como supervisora em boates no Rio de Janeiro. Automaticamente eu conhecia muita gente, todos os tipos. Eu sou bissexual. Me interesso muito em todas as formas de amor. Numa noite dessas me relacionei com um rapaz, desses garanhões de balada, fomos para um motel ali perto mesmo…E ele me disse que não tinha camisinha, na mesma hora respondi “Eu tenho!” no meio a transa ele por pura maldade tirou a camisinha e gozou. Fui pra casa, acreditei mesmo que não ia acontecer comigo. Continue lendo #clandestina59

#clandestina58

30 anos, branca

Ah, os privilégios. Não poderia começar esse texto sem antes listá-los. Sou branca, 30 anos, filha da classe média, já viajei pra Europa, faço pós-graduação em universidade pública. Hoje vivo bem com dois salários mínimos, sozinha. Meu companheiro tem o mesmo histórico. Meu aborto foi tranquilo, um privilégio, um privilégio que se virasse uma lei LOGO seria um DIREITO de todas as mulheres! Era só pegar no SUS! Continue lendo #clandestina58

#clandestina57

“Como eu poderia fazer um aborto estudando para ser médica?”

Eu tinha 19 anos. Faz um ano mais ou menos. Havia recém realizado o sonho de passar no vestibular para Medicina e as aulas começariam no mês seguinte, em outra cidade. Moro sozinha, sem minha família, nesta cidade, e um filho não combinaria com este momento. Fiquei em choque, muito assustada quando descobri que estava grávida. Continue lendo #clandestina57

#clandestina56

31 anos, parda

“Senti um medo tenebroso daquela situação”

Isso foi há muito tempo. Eu tinha 31 anos, era casada e já tinha dois filhos. Mas o casamento não andava nada bem, eu era dependente econômica do meu marido e me sentia infeliz. Engravidei. Ele queria o filho, desejava muito uma filha mulher, depois de dois meninos, mas eu sabia que quem abdicaria da autonomia era eu. A cuidadora era eu. Ele seguiria com sua vida normalmente, saindo para trabalhar pela manhã e voltando apenas à noite. Continue lendo #clandestina56

#clandestina55

26 e 32 anos, branca, São Paulo (SP)

 

Aos 26 anos, começando um namoro, engravidei inesperadamente. Percebi bem rápido, no começo da gravidez, e já contei para meu namorado dizendo que não ficaria grávida por muito tempo. Fiquei muito aflita para achar um local seguro, ouvi relatos de vários tipos de clínicas, e conversando com amigas tive indicação de um ginecologista que fazia o procedimento no seu consultório. Fiz a consulta com ele, que sugeriu um tempo para eu pesar e definir se eu queria mesmo abortar, mas eu insisti que preferia fazer logo. Continue lendo #clandestina55